II - SEMINÁRIOS NACIONAIS PATROCINADOS PELO GT4
Até há bem pouco tempo, a investigação em torno de questões relativas à mulher e sua representação na literatura não era considerada um objeto legítimo de pesquisa, nos meios acadêmicos brasileiros. A criação, em 1984, da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Letras e Lingüística, a ANPOLL, e, no seu bojo, do Grupo de Trabalho Mulher na Literatura, assim como da ABRALIC, a Associação Brasileira de Literatura Comparada, em 1986, vai permitir, de forma definitiva, que os pesquisadores do tema consolidem essa linha de pesquisa e constituam fóruns da maior respeitabilidade para a apresentação e discussão de seus trabalhos.
Mas, antes mesmo da criação dessas importantes associações, grupos de professoras e pesquisadoras tomaram a iniciativa de se reunir para debater e apresentar suas pesquisas. Foram esses encontros que, de certo modo, prepararam o terreno para a imediata expansão do Grupo de Trabalho ligado à ANPOLL e garantiram a respeitabilidade desse GT, dentre os demais.
A primeira iniciativa de mobilização partiu da UFSC, que realizou, em julho de 1985, um evento intitulado Seminário Regional sobre a Mulher na Literatura, com o propósito de mapear esse campo de estudos na Universidade e articular um intercâmbio entre pesquisadores regionais. Em 1987, o Encontro Nacional Presença da Mulher na Literatura, em João Pessoa (PB), contribuiu para incentivar o contato dos pesquisadores nacionais com as novas tendências da crítica praticada no exterior, através, principalmente, dos debates suscitados pelas conferências de Darlene Sadlier, da Universidade de Indiana, e de Malcolm Coulthart, da Universidade de Birmingham. Naquele momento, a tônica dos trabalhos privilegiava basicamente questões teóricas acerca da linguagem e sexismo, e da presença da mulher em literaturas de línguas estrangeiras, como o inglês e o francês.
No ano seguinte,
em 1988, era a vez do II Encontro Nacional Presença da Mulher na
Literatura, realizado em Porto Alegre (RS). A divulgação
dos eventos anteriores fez com que a programação
praticamente triplicasse e fosse mais representativa do perfil de
pesquisas que então estavam sendo realizadas nas universidades
brasileiras. Os trabalhos se agrupavam em torno de três grandes
linhas de pesquisa: "Mulher e literatura: perspectivas
teórico-críticas", "Representações do
feminino no texto literário", e "Do silêncio à
palavra: o processo cultural e a construção do feminino".
Também esse Seminário contou com a
participação de teóricos e críticos
estrangeiros, como Elen H. Douglass (Universidade de Brown), Maggie
Humm (Escola Politécnica de Londres), Nicteroy N.
Argãnaraz (Universidade do Uruguai), Ria Lemaire (Universidade
de Utrecht) e Jean Franco (Universidade de Columbia). A partir dessa
data, os seminários passam a ter os textos publicados, o que vai
contribuir de forma decisiva para ampliar a bibliografia existente no
país acerca da temática. Os textos do II Encontro, por
exemplo, estão na Revista Organon, (n. 16, Porto Alegre:
Instituto de Letras, 1989). Outra importante contribuição
desse evento foi a identificação das diferentes pesquisas
então realizadas nas universidades brasileiras: a mulher
enquanto escritora de ficção, a questão da mulher
enquanto personagem de textos literários, o resgate de
escritoras e o estudo de obras antigas.
Em 1989, aconteceu em Florianópolis (SC) o II Seminário Nacional Mulher e Literatura, que também contribuiu para ampliar a articulação nacional entre os pesquisadores. Se até então predominavam participantes de Estados do Sul e Nordeste, a partir de então temos a presença significativa de universidades dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Outros aspectos merecem ser observados: as pesquisas envolvendo a literatura nacional ultrapassam os trabalhos relacionados às literaturas estrangeiras, e o debate em torno de aspectos teóricos e metodológicos da crítica feminista se consolida dentre as preocupações dos estudiosos da questão da mulher na literatura.
E, desde então, agora sempre nos anos ímpares, os seminários vão sendo realizados. Em 1991, a Universidade Federal Fluminense é sede do IV Seminário Nacional Mulher e Literatura, com o apoio da ABRALIC, e conta com importantes convidados, como Margo Glantz (Universidade Autônoma do México), Maximilien Laroche (Universidade de Laval), Anabel Salafia e Norberto Ferreyra (Escola Freudiana da Argentina), cujas conferências empolgam e enfatizam as relações entre literatura, história e psicanálise. Os trabalhos apresentados estão publicados nos Anais do IV Seminário Nacional Mulher e Literatura (Niterói: UFF, ABRALIC, 1992). Em 1993, o V Seminário Nacional Mulher e Literatura, é acolhido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal, contando com a ilustre presença da escritora Rachel de Queiroz, que autografou o romance Memorial de Maria Moura, e deu um importante depoimento acerca de seu trabalho literário e das relações entre sua obra e o contexto histórico e social brasileiro. Os trabalhos do V Seminário encontram-se publicados nos Anais do V Seminário Nacional Mulher e Literatura (Natal: UFRN, 1995).
O VI Seminário ocorreu em 1995, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, e também contou com a participação de grande número de estudantes e professores. A novidade foi a homenagem a Clarice Lispector e a introdução de mini-cursos, de enorme aceitação entre os presentes. As conferências, palestras e comunicações apresentadas no evento encontram-se reunidas na publicação intitulada Anais do VI Seminário Nacional Mulher e Literatura (Rio de Janeiro: UFRJ, 1996). E o VIII Seminário realizou-se sob os auspícios da Pós-graduação em Letras da Universidade Federal Fluminense, em 1997, e teve como escritora homenageada a acadêmica Lygia Fagundes Telles. O número de trabalhos apresentados foi tão expressivo que se encontram publicados em dois volumes: VIII Seminário Nacional Mulher e Literatura, I e II (Niterói: EDUFF, 1999). Em setembro de 1999, tivemos, na Universidade Federal da Bahia, o VIIII Seminário Nacional Mulher e Literatura, e, como os anteriores, o evento contou com uma participação maciça dos pesquisadores e estudiosos da temática e também contribuiu para a consolidação dos estudos sobre mulher e literatura, em nosso meio acadêmico.
Em agosto de 2001 teve lugar na Universidade Federal de Minas Gerais o
IX Seminário Nacional Mulher e Literatura, que repetiu,
duplamente, o sucesso dos anos anteriores. Isto é, as escritoras
homenageadas nesta ocasião — Henriqueta Lisboa,
comemorando seu centenário, Adélia Prado, Laís
Corrêa de Araújo e Nelly Novaes Coelho — deram
testemunho vivo de vida e produção acadêmica,
contagiando e sensibilizando positivamente um público numeroso
de alunos, pesquisadores e professores sobre as questões da
mulher e da literatura, enriquecendo assim nossa
publicação e estimulando as pesquisas em andamento. Um
dos pontos altos desse encontro foi a presença significativa de
pesquisadoras/es e palestrantes estrangeiros, como a professora Jean
Franco, da Universidade de Columbia, que ministrou a conferência
de abertura, Gênero, feminismo e estudos culturais, apresentando
uma perspectiva interdisciplinar envolvendo a literatura e as
questões femininas/feministas, como se propõem as
abordagens da crítica feminista. A interlocução da
academia brasileira com as brasilianistas foi tão
frutífera que na assembléia de encerramento do IX
Seminário os membros do GT decidiram, por unanimidade, dali em
diante, transformar o Seminário Nacional em Seminário
Internacional Mulher e Literatura.
O X Seminário Nacional Mulher e Literatura, assim como o I
Seminário Internacional Mulher e Literatura, aconteceram,
concomitantemente, no período de 10 a 13 de agosto de 2003, em
João Pessoa, PB, homenageando as professoras organizadoras do
primeiro Seminário Nacional Mulher e Literatura, realizado na
UFPB, em 1987. O X Seminário destacou-se pela pluralidade,
complexidade e riqueza temática. As conferências,
palestras e comunicações apresentadas no evento
encontram-se reunidas no X Seminário Nacional Mulher e
Literatura / I Seminário Mulher e Literatura; Mulheres no Mundo:
Etnia, Marginalidade e Diáspora (João Pessoa:
Idéia, 2004).
Pode-se afirmar, com convicção, que a tendência de
expansão dessa linha de trabalho é uma realidade
inegável e tem se revelado indiscutivelmente significativa desde
meados dos anos 80, quando começou a se firmar na universidade
brasileira. O número sempre crescente de
dissertações e teses, de ensaios e outras
publicações sobre o tema de que a todo instante temos
notícias, bem como as reedições de escritoras do
passado e os grupos de pesquisa disseminados pelo país
trabalhando a questão do gênero, são, sem
dúvida, testemunhos da vivacidade do binômio
temático mulher e literatura.
Finalmente, o XI Seminário Nacional Mulher e Literatura, assim como o II Seminário Internacional Mulher e Literatura, seguindo a deliberação nacional tomada em assembléia geral com os seus membros, aconteceram, concomitantemente, no período de 2 a 5 de agosto de 2005, no Rio de Janeiro, RJ. O evento homenageou as escritoras Marina Colasanti e Helena Parente Cunha. Seguindo o formato dos anos anteriores, o evento contou com conferências, mesas-redondas e sessões de comunicações. O seminário teve como tema: “Entre o estético e o político: a questão da mulher na literatura”, e organizou-se em torno das linhas do GT “A mulher e a literatura”, da ANPOLL, que são: Resgate; Teoria e Crítica; Gênero e Representação; Interdisciplinaridade. Promovido pela Universidade do Rio de Janeiro, através do Instituto de Letras e do seu Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu, em parceria com a Sub-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (SR-2), o evento reuniu professores e pesquisadores especialistas no tema, de diferentes instituições do país e do exterior.
O XIII Seminário Nacional Mulher e Literatura e o IV
Seminário Internacional Mulher e Literatura, seguindo a
tradição iniciada em 2003 da realização
conjunta do seminário nacional e do internacional, decorreram
simultaneamente, em Natal, de 2 a 4 de setembro de 2009, O evento teve
como tema “Memórias, Representações,
Trajetórias” e organizou-se em torno das linhas do Grupo
de Trabalho (GT) “A Mulher na Literatura” . Homenageou as
escritoras Diva Cunha, natalense, e Maria Teresa Horta, portuguesa, que
estiveram presentes e deram um importante depoimento acerca de seu
trabalho e trajetória intelectual. A promoção do
evento foi do Curso de Letras da Universidade Potiguar, com o apoio da
Pró-reitoria de Pesquisa e da Pró-reitoria de
Extensão, e teve como instituições parceiras a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); a Universidade
Estadual do Rio do Norte (UERN); o Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do
Norte (IFRN) e o Instituto de Educação Superior
Presidente Kennedy (IFESP). Contou com o apoio das seguintes
instituições: Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Médio (CAPES);
Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio
Grande do Norte (FAPERN); Governo do Estado através da
Secretaria Estadual de Educação e Cultura (SEEC);
Prefeitura do Natal através da Secretaria Municipal de
Educação; Agência Cultural do SEBRAE; Banco Real e
Caixa Econômica Federal.
1.2 Detalhamento preliminar do XIV Seminário Nacional Mulher e
Literatura e do V Seminário Internacional Mulher e Literatura
O XIV
Seminário Nacional Mulher e Literatura, assim como o V
Seminário Internacional Mulher e Literatura, estão
previstos para acontecerem, concomitantemente, no período de 04
a 06 de agosto de 2011, em Brasília, DF, conforme
deliberação através da assembléia do GT
“A mulher na Literatura”, ocorrida no XXV Encontro Nacional
da ANPOLL, na UFMG, entre os dias 01 a 03 de julho de 2010, já
tendo sido sugerida em reunião do GT realizada por
ocasião do XIII Seminário Nacional Mulher e Literatura,
assim como o IV Seminário Internacional Mulher e Literatura, em
Natal (RN), organizado pela UnP. O tema dos seminários
será: “Palavra e Poder –
RepresentAÇÕES Literárias”.
A
promoção do evento é da Universidade de
Brasília, através do Instituto de Letras - Departamento
de Teoria Literária e Literaturas. Para a
concretização de encontro acadêmico de tal
magnitude, que reúne professores e pesquisadores especialistas
no tema, de diferentes instituições do país e do
exterior, prevê-se ainda, naturalmente, o indispensável
apoio financeiro e institucional da CAPES e do CNPq, SPM, bem como da
FAP/DF, pela circunstância de o evento ter lugar em
Brasília. Buscaremos também apoio de outras entidades,
além da Embaixada dos Estados Unidos e de países da
África, uma vez que estamos prevendo a
participação de escritoras desses países para
marcar a presença das escritoras negras na
produção literária vinculada à perspectiva
de gênero